Nessa aula os grupos foram divididos e trabalhamos primeiramente três técnicas: Análise de Conversação; do discurso; e de gênero. Na primeira delas, vimos novamente a relevância do contexto para a pesquisa qualitativa, e aqui, reforçou-se a presença da gestalt na pesquisa, pois somente com uma leitura a partir do olhar dos informantes é que o pesquisador poderá colher os detalhes da conversação.
Flick (2009) traz um pensamento de Bergmann (1985) ao dizer que essas abordagens permitem-se guiar pela análise sequencial, a qual introduz a ideia de ordem social a partir de suas interações e revezamentos. Ou seja, os conteúdos das entrevistas só são confiáveis se apresentarem sua "gestalt", seu contexto.
Em síntese, a Análise de Conversação "origina-se com base no fato de que em todas as formas de comunicação e linguística e não linguísticas, direta e indireta os atores se preocupam com o assunto da análise da situação e do contexto de suas ações, da interpretação de suas declarações."
Assim, o objetivo dessa abordagem é determinar os elementos constitutivos do fenômeno, por meio dos quais os atores se interagem em estruturas significativas, bem como a ordem sequencial dos eventos que caracterizam o fato.
Destacamos três pontos chave aqui, um é a importância da interação, outro do contexto e por último uma seleção do que é relevante nessas interações. Destacou-se ainda os procedimentos para a Análise de Conversação (Ten Have, 1999): Gravações das interação; transcrição do material; análise dos episódios; e relatório de pesquisa. Assim, pode-se resgatar os elementos naturais e situacionais das interações dos indivíduos, fica notório que a posturam epistemológica delineada até aqui se trata da etnometodologia, conforme visto em aulas anteriores. Sua principal limitação é não se ater também ao conteúdo das falas, mas sim aos aspectos linguísticos.
Fique no grupo de Análise de Discurso, e vimos que ele difere da análise de conversação está na sua principal limitação, (a questão do conteúdo). A Análise de Discurso, pesquisador se concentra mais no conteúdo da fala, em seu assunto e em sua organização mais social. Para tanto, é necessária uma leitura cuidadosa das transcrições, bem como uma codificação rigorosa do material e suas análises. Flick recupera os ditos de Foucault (1980) para esboçar uma proposta de condução da AD, numa perspectiva mais crítica, o que mais a frente ficou conhecida como Análise Crítica do Discurso (ACD). Dentre essas fases, destaco a importância de se fazer relações entre os objetos em si, entre eles e os sujeitos, manter certa distância do texto, e por fim, mapear os resultados e redes de relações de acordo com os padrões e linguagens.
Nessa perspetiva mais crítica, trouxemos um artigo de Lacerda e Brulon (2013), POLÍTICA DAS UPPS E ESPAÇOS ORGANIZACIONAIS PRECÁRIOS: UMA ANÁLISE DE DISCURSO. Nele os autores fazem uma análise das relações de poder e dominação percebidas a partir do discurso de um vereador carioca na ocasião de entrega de medalha de honra ao coronel responável pela UPP em estudo. Em suas conclusões os autores perceberam que há forte indício de segregação e autoridade na fala do discursante.
Outros trabalhos podem ser visualizados na área de Marketing, Gestão de Pessoas e Estudos Organizacionais e outros.
No capítulo seguinte, o 25, pudemos retornar ao debate sobre as pesquisas com entrevistas narrativas, em que nesse capítulo são tratadas como "Análise de Narrativas". Algumas recomendações já foram tratadas em capítulos anteriores, portanto, há poucos insights aqui. As narrativas são estimuladas e coletadas com a finalidade de construir processos biográficos, logo devem ser históricas e cronológicas, como já foi visto.
Entretanto, uma vez coletados os dados, como realizar a análise? Schutze (1983) aponta para três recomendações, eliminar os trechos que não forem narrativos; descrição estrutural dos trechos narrativos; e abstração analítica como etapa final. Ficou claro para mim a importância das narrativas como construções sociais e culturais, logo, passiveis de se tornarem dados de pesquisa, e por conseguinte, serem analisados sob a égide de um problema condutor.
Na segunda abordagem, Hermenêutica Objetiva, começamos o debate com a ideia de que a mesma analisa as interações naturais. Um dos primeiros critérios é que a análise deve respeitar a ordem sequencial. A partir da leitura de (Wernet, 2000) há cinco critérios para a hermenêutica: a independência do contexto, literalidade, sequência, substancialidade da informação e parcimônia.
Para Flick (2009) essa análise tem três etapas, primeiro uma definição do caso a ser analisado, em seguida a estrutura prévia da compreensão, e por fim a ordem sequencial a ser analisada.
Todas as análises aqui estudadas levam em consideração como elemento fundamental o contexto do respondente, e em certa medida a sequencia da fala e dos fatos. Posso extrair dos debates que para utilizar esses métodos, preciso estar ancorado sempre no construcionismo para permitir que os informantes relatem seu contexto e assim, eu possa atender a minha questão de pesquisa. A riqueza dos dados aqui está na fala, nas interações, nas narrativas, ou seja, no olhar contextual presente nos atores locais.
Para Flick (2009) essa análise tem três etapas, primeiro uma definição do caso a ser analisado, em seguida a estrutura prévia da compreensão, e por fim a ordem sequencial a ser analisada.
Todas as análises aqui estudadas levam em consideração como elemento fundamental o contexto do respondente, e em certa medida a sequencia da fala e dos fatos. Posso extrair dos debates que para utilizar esses métodos, preciso estar ancorado sempre no construcionismo para permitir que os informantes relatem seu contexto e assim, eu possa atender a minha questão de pesquisa. A riqueza dos dados aqui está na fala, nas interações, nas narrativas, ou seja, no olhar contextual presente nos atores locais.
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