Nessa aula pudemos estudar as diversas particularidades de três tipos de coleta de dados: entrevista, narrativas e grupos focais. Para tanto, foi utilizada a referência de Flick (2009). No capítulo inicial (capítulo 13), aprendemos diversos tipos de entrevistas, bem como alguns dos principais erros na condução das mesmas.
O primeiro tipo foi o da entrevista focalizada, que foi introduzida por Robert Merton, sociólogo estadunidense, e seus colaboradores. O cerne principal desse tipo de entrevista é estudar o impacto que determinado estímulo tem sobre os entrevistados. Para tanto, a indicação dos autores é seguir os seguintes critérios na condução da entrevista: o não direcionamento (realizando perguntas abertas), a especificidade ( a pergunta deve demonstrar algo específico da problemática buscada), a inspeção retrospectiva (o entrevistado é incentivado a buscar fatos históricos que auxiliem na sua resposta), além da profundidade e contextualização para que o pesquisador possa compreender o fenômeno a partir da realidade do entrevistado, e outros.
Vimos através de um video, algumas recomendações na fora de conduzir a entrevista. Posso destacar o cuidado no início das perguntas, onde o entrevistador deve deixar o respondente um pouco mais à vontade e minimizar a distância entre si. Para isso, algumas perguntas mais abrangentes ou mesmo secundárias são indicadas nessa ocasião inicial, em seguida as perguntas mais objetivas e a título de formulário, para na sequência tratar dos assuntos mais relacionados com a pesquisa. Alguns cuidados com perguntas polêmicas também devem ser tomados para não criar situações constrangedoras e com isso, romper com a confiança do entrevistado.
Outro tipo de entrevista são as chamadas semipadronizadas. Elas são indicadas quando entre os entrevistados já existe certa compreensão do fenômeno pesquisado, pois eles serão arguidos e incentivados a prestarem depoimentos aprofundados sobre o tema. Aqui pude ter contato com uma técnica nova, chamada de TDE (Técnica da Disposição da Estrutura), onde o pesquisador constrói com o respondente um diagrama, em duas rodadas de entrevistas, que representa uma espécie de mapa mental das ideias do entrevistado.
Outro tipo de entrevista que me chamou atenção foi a do tipo etnográfica, onde o pesquisador mantem o cuidado de não perder o caráter "etno", (cultural, contextual, local...), mas realiza entrevistas espontâneas no campo.
Na sequência, o autor trabalha no capítulo 14 com as Narrativas, nele pude aprender a distingui-la de outros relatos como nos estudos de casos. A condição fundamental da narrativa é que ela seja um relato histórico e cronológico de um fenômeno, portanto, as perguntas devem ser direcionadas ao respondente para que ele possa contar aspectos do passado de maneira a configurar uma evolução temporal dos fatos. As
entrevistas narrativas são utilizadas principalmente no contexto da pesquisa
biográfica. Nesse caso o pesquisador solicita ao respondente que apresente, na
forma de uma narrativa improvisada, a história de uma área de interesse da qual
o entrevistado tenha participado, e esta narrativa deve ser consistente com
início, meio e fim. Como problema a este tipo de metodologia, o autor aponta a
violação sistemática das expectativas dos papeis de ambos os participantes.
Rompem-se as expectativas ligadas à situação de uma entrevista pelo fato da
metodologia da pesquisa pergunta resposta não ser feita e, também, porque dificilmente
se dá uma narrativa na vida cotidiana do entrevistado.
Um novo tipo de narrativa me surgiu aos olhos, a narrativa episódica. Nela o entrevistado é incentivado a relatar algum fato situacional de conhecimento experimental. Ela difere da narrativa histórica ou biográfica, pois busca um relato de um fenômeno particular dentro da história vivida pelo sujeito. Algumas de suas dificuldade são inerentes à própria limitação dos respondentes em se lembrar dos fatos ocorridos, mas me parece ser fundamental para narrativas de momentos históricos relevantes. Imaginei um tipo de narrativa episódica em que, por exemplo, um gestor público tenha vivenciado um momento político expoente, como na ditadura militar.
O capítulo 15 traz um debate sobre os grupos focais, e inicia com uma classificação deles em entrevistas em grupo, discussões em grupo, grupos focais (propriamente dito) e narrativas conjuntas.
A entrevista em grupo se caracteriza por ser composta de pequenos grupos onde o entrevistador atua também como moderador e cuida para que indivíduos isolados não dominem o debate, sobretudo em torno de questões avessas ao problema de pesquisa. Aqui o método se distingue dos demais no instante em que são realizadas perguntas direcionadas aos indivíduos sem o espaço amplo para discussões.
Já nas discussões em grupo, o que mais caracteriza é o debate entre os indivíduos, o moderador acompanha a discussão entre os membros e precisar tomar o cuidado para manter o foco da pesquisa. Isso se aproxima da ideia de grupo focal, onde o moderador possui a responsabilidade de conduzir o debate gerando hipóteses e construindo conclusões sobre o posicionamento dos respondentes.
Em geral, esses métodos trazem como limitação, a dificuldade de integrar os diversos depoimentos dos participantes dos grupos, e assim construir uma generalização teórica, mas com rigor na condução dos trabalhos o pesquisador pode conseguir chegar a esse ponto.
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